Há quem jure que, através do vidro da estufa, se vêm coisas a mexer-se.
Há quem diga que vê movimentos estranhos quando era suposto a estufa estar vazia. Fala-se de vultos cinzentos, sombras esverdeados e figuras negras que se mexem estranhamente e são visíveis através do plástico ondulado da estufa.
Além disso, há os ruídos que saem lá de dentro. Várias pessoas já os ouviram distintamente.
Há quem fale em ratos e em gatos, em vento a bater nas chapas onduladas. Também há a teoria de que os arbustos no seu interior ondulam e abanam com as correntes de ar. Parece lógico.
Há colegas que aparecem com riso nervoso a dizer que podem ser “outras coisas” de que ninguém quer falar: Fenómenos, seres bizarros, vultos, sombras, humanoides...
“Humanoides! Poupem-me meninos!” Disse o professor de EVT, quando eu lhe perguntei o que achava dos ruídos que vêm da estufa.
Uma vez, num dia de vendaval, estava a jogar à apanhada com os colegas da turma e resolvi esconder-me dos meus colegas atrás da estufa. Agachei-me entre a estufa e a vedação e aguardei imóvel, em silêncio.
Passados segundos comecei a ouvir ranger, ali muito perto. O som vinha claramente do interior da estufa, posso garantir.
Ora, se a estufa estava trancada, ninguém lá conseguiria entrar, logo resta a teoria das correntes de ar… ou as outras teorias.
Falei dos barulhos aos meus colegas e todos gozaram imenso, menos o André que aceitou ir comigo observar e fotografar a estufa.
Assim que nos aproximámos, ouvimos uma voz:
“- Meninos afastem-se daí, se fazem favor. Vão brincar para outro lado!” disse uma Srª Funcionária que por ali passava.
(Ela não gosta que brinquemos ali perto. Porque será?)
A verdade é que, quando uma vez perguntei aos meus colegas se me queriam acompanhar numa visita à estufa ao fim da tarde de uma 5ªfeira, todos recusaram, evocando motivos mais ou menos ridículos do tipo: “-Acho que estou a ficar constipado” ou “-Tenho uma bolha no pé e não posso correr se for preciso”.
Apesar de a estufa lhes despertar alguma curiosidade, nenhum dos meus colegas aceitaria lá entrar depois do pôr-do-sol, disso fiquei com a certeza.
Diz-se que, em anos letivos anteriores, já houve alunos que lá entraram e de lá já não saíram. Nunca mais se ouviu falar deles! Mas claro isso são histórias, já sabemos.
Também se conta que um dia um grupo de alunos do sétimo ano decidiram lá entrar, para verem como aquilo era.
Como não queriam ser vistos, numa noite treparam a vedação da escola e foram para a estufa. Já próximos, começaram a ficar com medo porque não conseguiam ver nada, pois a noite estava muito escura. Foi então que ouviram vozes estranhas a dizer para não entrarem e se o fizessem ficariam presos para sempre.
Já cansados de ouvir histórias sobre aquele lugar, eu e o meu colega André fomos até à estufa dispostos a entrar. Quando chegámos ao local segredei para o André:
-Fica cá fora que eu entro e, se acontecer alguma coisa, tu fotografas, ok? ( O André adorava tirar fotos com o seu telemóvel )
E ele respondeu:
-Ok, vou tentar dar o meu melhor.
Empurrei a porta e para meu espanto abriu-se facilmente.
Entrei muito devagar e atento para ver o que lá havia. Parecia-me ouvir um murmúrio mas não conseguia perceber de onde vinha nem o que era. Só conseguia ver plantas, vasos e ferramentas de jardinagem. De repente, a porta fechou-se atrás de mim com um grande estrondo.
Fiquei gelado de susto e foi então que ouvi uma voz abafada:
“-EU AVISEI-TE!!!!”
Fiquei paralisado de surpresa a olhar para a porta fechada.
Estava lá preso e aquela voz aterrorizava-me.
Lá fora, o André viu um vulto junto à porta enquanto ela se fechava.
Apanhou uma pedra do chão e tentou acertar no tal vulto que parecia deslizar afastando-se da porta, mas a pedra atravessou a figura humana deslizante enquanto esta rapidamente desaparecia.
Pareceu esfumar-se, no ar!
Então, o André avançou para a porta e abriu-a com forte encontrão. Lá dentro apanhei outra vez um enorme susto, mas vendo a porta aberta corri o mais rápido que pude lá para fora, e já com o André, afastámo-nos os dois dali numa grande correria.
A tensão foi tão grande que não conseguimos falar durante longos minutos.
Afinal, quem tinha fechado a porta? Que vulto era aquele? De quem era a voz que eu tinha ouvido?
O André jurava não ter ouvido nenhuma voz! Mas eu quase posso jurar que ouvi perfeitamente.
Eu não vi nenhum vulto, só ouvi a porta fechar-se, mas ele jura que viu algo e que a pedra passou através da tal coisa que ele refere como “um vulto”.
Parece uma maldição, aquela estufa prega sustos a toda a gente!
O que verdadeiramente se passou nessa tarde, nós não temos a certeza nem nunca teremos.
Sabemos é que nessa estufa se passam coisas muito estranhas.
Para nós, que lá estivemos e ouvimos vários colegas contar o que sabem, só podemos ter uma opinião: Essa estufa está assombrada.
Texto de ficção de Miguel Boto e André Figueiredo, com ideias de Maria Miguel Ferreira, todos do 6ºE
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